A menina sentou no balanço e tomou impulso.
Entre um toque e outro do pé sobre a grama o balanço tomava altura, até ganhar o céu. Enquanto se deixava levar pelo ar, a criança nem se preocupou com o vestido, mas estava tudo seguro, do jeito que tinha que ser. Seus pés já não precisavam do chão, estavam soltos, longe da gravidade, quase perto do sol e mais próximo das nuvens.
Ela ainda não sabia o significado da simplicidade desses momentos, ela ainda não reconhecia o quanto o seu sorriso era autêntico, nem entendia que o mundo era pequeno, porque para ela: ele ainda era infinito. Tenho certeza de que mais tarde tudo passará mais rápido, ela nem vai perceber que não terá mais tempo nem coragem para jogar o corpo no ar como agora.
Naquele instante, ela capturou a eternidade só tentando alcançar o céu. Aquilo era o mais alto que a corda podia ir, mas ela acreditou que havia criado asas e voava como um pássaro em liberdade. Entre as tantas coisas que ainda não tinha conhecimento, a ideia de estar presa era uma delas, ela só ria e brilhava por causa dessas realidades que não conhecia, simplesmente porque ainda não tinha descoberto os seus limites. Oras, com a ajuda do vento ela só pensava em conquistar o ponto mais alto, mesmo sem saber que na terra não havia mais espaço. Creio que a ingenuidade era uma virtude.
A felicidade custava barato, ela sabia que custava, mas logo isso entraria para a lista das incontáveis coisas que deixaria de saber. No fim das contas, ela nunca soube de muito, enquanto a única coisa que realmente importava saber o mundo precisaria de poucos anos para fazê-la esquecer. Quando dizem que conhecimento é algo que ninguém pode te tomar, sou obrigada a negar, essa é uma das coisas que nem sempre ficam. De alguma forma as pessoas esquecem. E a menina do balanço nunca pensou que a felicidade não passasse de um voo.
Lindo texto extraído do blog Arte.Rotina da Francielli - Sem comentários, me fez lembrar das tardes depois da aula no parquinho da escola esperando meus pais me buscar. Saudades!
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